domingo, 14 de março de 2010

Reinhard Kleist na Ilha revolucionária

Uma das coisas boas que a Internet propicia é acelerar a difusão de novas criações que dificilmente 'interessam' a quem detem os meios de in-comunicação tradicionais. Nas artes em geral, e nos quadrinhos, em particular, o contato translateral continuado tem permitido que muitos artistas bons sejam publicados no Brasil, como é o caso de Reinhard Kleist, que teve seu 'Cash - I See a Darkness' publicado pela 8Inverso, editora nova de Porto Alegre (onde esteve para uma oficina, em 2009). No mesmo giro pelo Brasil, ele foi artista convidado da última edição do grande festival de quadrinhos, o FIQ BH.

A notícia da nova obra do quadrinhista alemão pode partir de um texto de uma fonte muito bem referenciada: o Instituto Goethe, sobre 'Havanna'

Aventura, um país fascinante para viajar, jogo do azar e fracassos: é isso que Kleist associava com o país revolucionário Cuba e o seu líder político carismático Fidel Castro. Em março de 2008, a curiosidade levou o quadrinhista a passar um mês na ilha, pois ele queria formar uma opinião própria sobre o país e os seus habitantes. Kleist consegue captar o clima nas ruas de Havana e a situação de vida da população rural em esboços, ilustrações pitorescas e episódios em quadrinhos. 'Havanna - Eine Kubanische Reise' (Havana - uma Viagem Cubana, 2008) é um relato de viagem biográfico marcado pelas impressões subjetivas do quadrinhista.

Parece que o artista da 'sofisticada arquitetura das páginas' ficou mesmo muito impressionado com o que viu na Ilha. A editora alemã de quadrinhos Carlsen - que brinda seus leitores com obras de mestres modernos da nona arte como Régis Loisel, Gradimir Smudja, Yslaire, Craig Thompson e Shaun Tan e de autores que renovaram a cena alemã, como Flix e Isabel Kreitz - publica este mês 'Castro', obra de 216 páginas em capa dura na qual Kleist se baseia na autobiografia de Fidel. Nós ainda não tivemos acesso ao volume. Mas se ele somente 'repetir' páginas primorosas como as desta galeria, de seu 'Havanna', já terá contribuído para firmar seu nome na lista definitiva de melhores autores desta (rica) década para os quadrinhos mundiais. E ajudado a mostrar mais faces do povo e da história de Cuba...

Por outro lado, vamos acreditar que foi só 'por que não havia Internet', que demoramos 40 anos para ver publicada no Brasil a única obra da história pela qual um quadrinhista foi assassinado (junto com 4 filhas suas). Exatamente, 'Che', de Héctor Germán Oesterheld e Enrique e Alberto Breccia, obra com a qual começou toda a iconografia de Che Guevara.

Um registro importante sobre a obra: como noticiam os colegas do Portal Imprensa, pode ser que em breve, os democratas da América Latina possam desenterrar do armário da memória a frase: 'a justiça tarda mas não falha'.

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